
Quando se fala em HPV (Vírus do Papiloma Humano), a primeira associação que surge na maioria das pessoas é como o câncer de colo uterino.
De fato, estima-se que mais de 99% dos casos dessa doença estejam relacionados ao HPV, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Mas é importante ressaltar que o HPV não se limita a esse tipo de câncer.
Quais outros tipos de câncer podem estar associados ao HPV?
- Câncer de vulva e vagina: O HPV, principalmente os tipos de alto risco (como o 16 e 18), pode causar alterações celulares nessas regiões, aumentando o risco de desenvolvimento de tumores.
- Câncer de ânus: Tanto homens quanto mulheres podem desenvolver câncer anal associado ao HPV. Essa relação é especialmente significativa em termos de comportamento sexual de risco ou imunidade comprometida.
- Câncer de orofaringe (garganta): O HPV também pode infectar a região da boca e garganta, contribuindo para o surgimento de cânceres nessa área, muitas vezes associados ao tipo 16 do vírus.
- Outros cânceres genitais: Embora menos comuns, outras regiões anogenitais podem ser afetadas pelo vírus, resultando em lesões pré-cancerosas que, se não tratadas, podem evoluir para o câncer.
Por que isso acontece?
O HPV é um vírus altamente comum. Estudos indicam que a maioria das pessoas sexualmente ativas terá contato com o vírus em algum momento da vida.
Geralmente, o próprio corpo se liberta da infecção espontaneamente. Porém, quando isso não acontece e o vírus persiste, pode ocorrer um processo de alteração celular, levando ao desenvolvimento de lesões pré-cancerosas e, eventualmente, câncer.
Como se previne?
- Vacinação: A vacina contra o HPV é altamente eficaz na prevenção dos tipos mais perigosos do vírus. No Brasil, o SUS oferece vacina gratuitamente para meninas e meninos a partir de 9 anos e adultos.
- Exames regulares: Realizar o Papanicolau, a colposcopia e, quando indicado, a vulvoscopia, ajudam a detectar alterações precoces. Para homens, o acompanhamento urológico e avaliações da região anogenital são importantes.
- Uso de preservativos: Embora não ofereçam 100% de proteção, os preservativos diminuem significativamente o risco de transmissão.
- Informação e diálogo: Conversar abertamente com parceiros, entender os riscos e adotar práticas sexuais seguras são passos essenciais na prevenção.
O HPV não é um vírus restrito ao câncer do colo do útero. Entender que ele pode provocar outros tipos de câncer reforça ainda mais a importância da prevenção, da vacinação e dos exames de rotina.
Cuidar da saúde é um ato de empoderamento e, quanto mais cedo as lesões forem identificadas, maiores são as chances de tratamento bem-sucedido e qualidade de vida.
Dra. Celene Longo
Ginecologia Diagnóstica e Cirúrgica
CRM 16483 RS | RQE 7375 | RQE 34649
(O conteúdo e as informações dos posts têm caráter informativo e educacional. Não devem ser utilizados para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte seu médico)